O Estádio Municipal de São Paulo levou quatro anos para ser erguido, no centro do bairro do mesmo nome. Este monumento consagrado à cultura física da mocidade é motivo de justo orgulho para todos os brasileiros e autoriza aplaudir a administração que o construiu.
O Estádio Municipal de S. Paulo, seu nome oficial, levou quatro anos para ser erguido, no centro do bairro do mesmo nome. Foi construído no meio de um vale, sobre duas encostas, que serviram de apoio às suas estruturas e que propiciaram uma inclinação confortável, com excelente visibilidade de qualquer ponto das arquibancadas.
O Pacaembu é dotado de um campo de futebol, de quadras para a prática do tênis, de pistas para o atletismo, de piscinas, de um ginásio de esportes e de uma concha acústica. Cumpre perfeitamente com a vocação esportiva paulistana, reforçada pelo grande interesse da população nos últimos anos pela prática de esportes e sobretudo, pelo futebol. Será sede de todo grande evento esportivo que se fizer realizar em São Paulo nos próximos anos.
A cidade ainda não tinha um lugar no qual os craques de suas grandes equipes pudessem demonstrar suas habilidades diante de uma grande assitência. Os jogos eram disputados em pequenos, desconfortáveis e, por vezes, perigosos estádios, que já não comportavam mais os fanáticos torcedores das três grandes equipes da cidade - o Corinthians, o Paulistano e o Palestra Itália. Eram freqüentes os casos de superlotação no Parque São Jorge e no Parque Antártica, causando grandes transtornos aos moradores vizinhos e aos torcedores. Ainda é viva na memória do paulistano, quase 20 anos depois, a tarde em que Palestra e Paulistano se enfrentaram no agora acanhado Parque Antártica, levando mais de 40 mil pessoas a assistir a peleja, sinalizando a todos que era urgente a construção de um monumental estádio.
"A idéia de construção de um grande estádio em São Paulo remonta a muitos anos atrás. Quando prefeito o Sr. Washington Luís, foi ela aventada pelo sr. Antonio Prado Junior e outros, havendo-se até instituído um selo, cujo produto deveria reverter para a construção do Estádio. Nos meios técnicos, e em particular na Cia. City, proprietária do vale do Pacaembu, também surgira a mesma idéia, sugerida pela conformação topográfica do local, pois as encostas do vale, por sua aproximação, facilitariam a construção das arquibancadas. Mas a primeira tentativa não vingou. O selo fracassou, o terreno era escasso, os orçamentos assustavam, e os governantes interessavam-se mediocremente pelo esporte" (O Estado de S. Paulo)
A pedra fundamental fôra lançada em 1936, pelo então prefeito Fábio Prado, em 1938 o projeto foi reformulado e ampliado pelo então prefeito Prestes Maia, que agora completa o trabalho inaugurando o tão esperado estádio.
A arquitetura grandiosa do estádio reflete o momento pelo qual passa a cidade de São Paulo, em que grandes obras e avenidas vão ocupando o lugar onde antes ficavam chácaras, sítios, matas fechadas repletas de insetos, trazendo a indústria e o progresso à cidade que mais cresce no Brasil.
O portão principal do estádio, de suntuosidade ímpar, faz o espectador sentir-se no limiar de um grande evento, de um grande espetáculo. A iluminação feérica não permite esconder-se nas sombras o mínimo lance, o mínimo detalhe. Isso foi demonstrado ontem, quando milhares de torcedores das equipes do Corinthians e do São Paulo saudaram, devidamente uniformizados com as cores de seus times, as autoridades políticas e militares presente ao evento. Pôde-se ver, também, desde sua entrada até seu hasteamento, a bandeira brasileira oferecida pelo Fluminense Football Club, do Rio de Janeiro. Trazida a pé, do Rio para São Paulo, por atletas do clube, a bandeira simboliza o estádio do Tricolor carioca, o primeiro a ser construído no Brasil para a prática do futebol.
O presidente Getúlio Vargas fez um discurso improvisado, após o discurso do prefeito Prestes Maia:
"Ao declarar inaugurado este Estádio, sob impressão das entusiásticas e vibrantes aclamações com que fui recebido, não posso deixar de dirigir-vos algumas palavras de vivo e sincero louvor.
Este monumento consagrado à cultura física da mocidade, em pleno coração da capital paulista, é motivo de justo orgulho para todos os brasileiros e autoriza aplaudir merecidamente a administração que o construiu.
As linha sóbrias e belas da sua imponente massa de cimento e ferro, não valem, apenas, como expressão arquitetônica, valem como uma afirmação da nossa capacidade e do esforço criador do novo regime na execução do seu programa de realizações.
É ainda, e sobretudo, este monumental campo de jogos desportivos uma obra de sadio patriotismo, pela sua finalidade de cultura física e educação cívica.
Agora mesmo assistimos ao desfile de dez mil atletas, em cujas evoluções, havia a precisão e a disciplina, conjugadas no simbolismo das cores nacionais. Diante dessa demonstração da mocidade forte e vibrante, índice eugênico da raça, - mocidade em que confio e que me faz orgulhoso de ser brasileiro - quero dizer-vos:
Povo de S. Paulo!
Compreendestes perfeitamente que o Estádio do Pacaembu é obra vossa e para ela contribuístes com o vosso esforço e a vossa solidariedade. E compreendestes ainda que este monumento é como um marco da grandeza de São Paulo a serviço do Brasil.
Declaro, assim, inaugurado o Estádio do Pacaembu."
Em 1961 o Pacaembu ganhou o nome de Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, em homenagem ao homem que comandou a delegação brasileira no mundial de futebol da Suécia em 1958.
Em 1970 o então prefeito Paulo Maluf ampliou em 15 mil lugares a capacidade do estádio, com a construção da área apelidade pelos torcedores de "Tobogã". Essa estrutura substituiu a concha acústica, que tinha sido palco, até então, de inúmeras apresentações culturais.
Em 1994, o Condephaat tombou o estádio e o complexo esportivo anexo, incluindo a Praça Charles Müller.
Autor: Humberto Scavinsky de Alencar
Curiosidades
O nome Pacaembu significa, em Tupi, terras alagadas.
Estima-se que mais de 80 mil pessoas estiveram presentes às festividades de inauguração do estádio.
O primeiro jogo foi disputado entre as equipes do Palestra Itália e do Coritiba, no dia 28 de abril de 1940
O jogo terminou com a vitória dos paulistas por 6 a 2. Em seguida jogaram as equipes do Corinthians Paulista e do Atlético Mineiro. Os jogos eram válidos pela Taça Cidade de São Paulo.
O primeiro campeão da era Pacaembu foi o Palestra Itália, que venceu a Taça Cidade de São Paulo ao derrotar o Corinthians por 2 a 1 em 4 de maio de 1940. O São Paulo foi o clube que mais se destacou em número de títulos na década de 40: venceu o Campeonato Paulista nos anos de 1943, 45, 46, 48 e 49. O Palestra Itália, que em 1942 muda seu nome para Palmeiras, conquistou os títulos de 1942, 44, 47 e 50. O Corinthians, até então a maior força do futebol paulista, conquista apenas o campeonato de 1941, ficando dez anos sem conquistas. O Alvinegro, dos grandes de São Paulo, é o que conquistou menos títulos no Pacaembu.
O maior público pagante da história do Pacaembu foi de 71.281 pessoas, que viram o empate por 3 gols entre as equipes do Corinthians e do São Paulo, na estréia do jogador Leônidas da Silva pelo Tricolor, no dia 24 de maio de 1942.
A maior goleada ocorreu em 1945, quando o São Paulo derrotou o Jabaquara, de Santos, pelo placar de 12 a 1.
Em 1950 a Seleção Brasileira apresentou-se no estádio, durante o Mundial do Brasil. O público presente vaiou a Seleção do início ao fim do jogo, por causa do bairrismo que dividia o futebol brasileiro na época. O time era composto principalmente por jogadores de clubes cariocas, tendo a CBD (precursora da atual CBF) preterido os paulistas. O jogo, contra a Suíça, terminou com um empate por dois gols.
O campeão mais recente foi o Olímpia, do Paraguai, que derrotou o São Caetano nos pênaltis, em jogo válido pela Libertadores das Américas de 2002.
fonte: estadão.com.br
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